A problemática da equidade de género e a situação da mulher na sociedade cabo-verdiana esteve em debate em mais uma animada e bastante participada sessão da “Tertúlia Crioula Setubalense”, que aconteceu na Associação Cabo-verdiana de Setúbal presidida por Felismina Mendes.
A apresentação do tema esteve a cargo de Dirce Alves (IPS) e Evódia Graça (UNL) que salientaram a necessidade de se combater a persistência de um conjunto de disparidades e práticas de discriminação em função do género nas esferas política, económica e social.
Destacou-se, na esfera política, a sub-representação política das mulheres nos cargos de eleição, a ausência de soluções institucionais de incentivo à participação política das mulheres e a necessidade de se corrigir os desequilíbrios na representação política; na esfera económica, a persistência da disparidade salarial no exercício das mesmas funções entre homens e mulheres e as condicionantes do empreendedorismo no feminino no arquipélago; e, na esfera social, a tónica do debate foi em torno de questões como a violência com base no género, o machismo e a persistência de lógicas patriarcais no arquipélago, a problemática da paternidade responsável e a importância da educação como factor de emancipação social e profissional das mulheres.
Houve espaço para a projecção de um vídeo e um projecto de intervenção intitulado “Igualdade: (Des) Construindo na Universidade” da autoria de Dalila Santos, Denise Camacho e Evódia Graça cujo propósito foi perscrutar e aferir a percepção dos jovens universitários sobre a problemática da equidade do género em Cabo Verde.
A Associação Cabo-verdiana de Setúbal aproveitou o ensejo para comemorar o Dia Nacional da Cultura proporcionando aos presentes uma mostra cultural com produtos artísticos, um sarau cultural animado por Kátia Soares, Romeo e Dicla Keila Léger que encantaram o público presente com as suas músicas, poesias e contos, bem como a degustação da típica gastronomia cabo-verdiana.
De registar que a Tertúlia Crioula Setubalense resulta de um esforço de descentralização e deslocalização do Ciclo de Tertúlias “Cabo Verde em Debate” para outras cidades universitárias, onde a concentração da comunidade académica cabo-verdiana se revela particularmente expressiva, incentivando a emergência de grupos locais de reflexão em torno de temáticas de enorme relevância para o arquipélago.
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