quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Guiné-Bissau Empresa russa explora areias pesadas em Varela


O Governo de transição da Guiné-Bissau concedeu licença a uma empresa russa para explorar areias pesadas na estância balnear de Varela (norte), numa área de 450 hectares, anunciou o ministro dos Recursos Naturais, Daniel Gomes, citado pelo semanário O Democrata.

O ministro anunciou que o contrato, com a empresa Potô Sociedade Anónima, foi assinado em finais de Dezembro e que a exploração das areias começará ainda este mês.  
 
O ministro referiu que só autorizou a concessão após receber estudos de impacto ambiental e estimativas de resultados económicos da exploração das areias pesadas, que são tidas como presentes em grande quantidade em Varela e em outras regiões da Guiné-Bissau.  
 
Das areias pesadas podem ser extraídos minérios utilizados em indústrias de alta tecnologia.  
 
"Devo dizer que esta areia não existe só em Varela. Existe muita em diferentes pontos do país, que não vou dizer agora. Só que temos que ser sérios, honestos e gerir aquilo bem. Ter a capacidade de negociar, pôr os interesses do Estado acima dos nossos interesses. Não andar a fazer trafulhas, passar licenças para ganhar dinheiro a torto e a direito", afirmou Daniel Gomes.

Guiné-Bissau Horizonte das eleições deve ser fixado claramente - economista


O economista guineense Paulo Gomes defendeu na terça-feira a definição clara do horizonte para a realização de eleições na Guiné-Bissau, gerida por um Governo de transição desde Abril, escusando-se a confirmar informações que o dão como candidato presidencial. 
 
"O horizonte das eleições deve ser fixado claramente porque não se pode continuar na incerteza em termos de fluxos de financiamento", disse Paulo Gomes em entrevista à agência Lusa, sublinhando a difícil situação económica do país. 
 
A Guiné-Bissau está a ser gerida um governo de transição, na sequência do golpe militar que em Abril de 2012 afastou do poder o Presidente e primeiro-ministro eleitos, Raimundo Pereira e Carlos Gomes Júnior. 
 
O Governo deveria conduzir o país a eleições no prazo de um ano, mas Paulo Gomes duvida que seja possível fazer o escrutínio em Abril próximo.
 
"As eleições devem ser bem preparadas e duvido que uma preparação séria possa ter lugar antes de Abril", considerou. 
 
Paulo Gomes está em Lisboa para promover o I Fórum Económico de Bissau, iniciativa que visa mostrar o potencial económico da Guiné-Bissau a investidores internacionais. 
 
O economista, que foi quadro superior do Banco Mundial e fundou recentemente a Fundação Benten e a Consultora Internacional Constelore, regressou à Guiné-Bissau após 15 anos a residir no estrangeiro e várias vozes veiculam o seu nome como possível candidato presidencial. 
 
"Já fui político, como um dos fundadores do Partido da Convergência Democrática (PCD), portanto haverá sempre especulação sobre as minhas decisões (...). Não tenho nenhum plano neste momento. A minha prioridade é o sucesso do fórum", disse Paulo Gomes. 
 
O economista admite já ter pensado na possibilidade de uma candidatura, mas considera que se trata de "uma decisão importante" que deve ser precedida de uma "consulta alargada" e tomada sem precipitações. 
 
Paulo Gomes, que após o golpe militar de Abril foi convidado a liderar o Governo de transição e cujo nome terá alegadamente sido vetado por Kumba Ialá, líder do Partido da Renovação Social (PRS), confirmou o convite, mas acredita que foram as condições que impôs que o afastaram. 
 
"Foi a terceira vez que fui convidado para primeiro-ministro e era uma questão que considerava mediante algumas condições. Não acredito que tenha sido o Kumba Ialá. Não partilhamos a mesma visão política, mas é um patriota e não tenho elementos que digam que ele vetou a decisão", disse. 
 
Paulo Gomes considera que uma "transição deve ser quase impecável na preparação das bases para as próximas eleições" e por isso impôs condições.
 
"Era importante poder escolher os membros do Governo porque eles não deviam ter a pretensão de ser candidatos ao que quer que seja e concentrar todos os esforços na transição. As pessoas queriam mais um arco-íris de partidos para gerir a transição, penso que foi um erro [...] mas a escolha foi feita", explicou, adiantando que as suas pretensões políticas serão esclarecidas na devida altura. 
 
Questionado sobre se não temeu ser prejudicado no seu futuro político caso liderasse um Governo de transição, Paulo Gomes garantiu que na altura não pensou nisso. 
 
"O golpe de Estado é uma coisa que não apoio. Tivemos vários e isso não ajuda, mas fiquei sensibilizado por ter sido feito sem violência e por o presidente e o primeiro-ministro terem sido libertados para Lisboa. Houve suficientes pessoas que morreram na Guiné-Bissau e não valia a pena aumentar essa lista", disse. 
 
"Quando fui abordado por várias pessoas para o Governo (...) a minha resposta foi que pelo meu país poderia considerar fazer qualquer coisa, mas via claramente os riscos de percepção em relação a essa decisão", disse.
 
Sobre a acção do actual Governo de transição liderado pelo primeiro-ministro Rui Duarte Barros, Paulo Gomes adianta que os desafios são muitos. 
 
"Conheço bem o primeiro-ministro, é uma pessoa que trabalha e tem um sentido de interesse da nação, mas vejo como está a lutar com muitos interesses e pessoas que não partilham a mesma forma de fazer as coisas. É um ambiente difícil para ele", sublinhou. 

Guiné-Bissau UE felicita e promete apoiar Ramos-Horta como representante da ONU


A União Europeia (UE) felicitou José Ramos-Horta pela nomeação como representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau e prometeu todo o apoio para "o papel crucial" que lhe foi confiado. 
 
Segundo um comunicado divulgado na terça-feira em Bissau pela UE, as felicitações foram expressas numa carta enviada a Ramos-Horta pela alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Catherine Ashton, no passado dia 10. 
 
Na carta, a responsável augura a José Ramos-Hosta os maiores sucessos no cumprimento do mandato e realça a necessidade de "incentivar a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para iniciar uma verdadeira reforma do sector da segurança no país, e ao mesmo tempo dissuadir o oportunismo político e as interferências militares".  
 
"É urgente pôr cobro ao clima de intimidação instalado no país e iniciar um processo para a estabilidade e a reforma. A Comunidade Internacional deve apoiar conjuntamente a realização de eleições inclusivas e um Governo de unidade nacional", salientou Catherine Ashton na carta. 
 
José Ramos-Horta, antigo Presidente de Timor-Leste e prémio Nobel da Paz, foi designado dia 01 de Janeiro como Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para a Guiné-Bissau e Chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz (UNIOGBIS), em substituição do ruandês Joseph Mutaboba. 
 
Ramos-Horta chega á Guiné-Bissau no próximo mês. 

Guiné-Bissau Brasil aponta conflito entre maiores desafios do Atlântico-sul


O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, admitiu ontem (terça-feira), durante o encontro ministerial de países do atlântico-sul, que a situação na Guiné-Bissau figura entre os maiores desafios da região.  
 
"A crise vivida hoje por esse país do atlântico sul é exemplo de uma situação com implicações sérias sobre o espaço do Atlântico Sul e à qual não podemos ficar indiferentes", afirmou o ministro brasileiro durante um discurso na reunião ministerial da Zopacas (Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul), em Montevideu, no Uruguai.  
 
Patriota citou o conflito como "muito próximo do Brasil", devido função dos laços culturais e históricos que unem os dois países, e ressaltou que o Governo brasileiro tem procurado fazer o possível para a "superação" da situação gerada com o golpe de Estado de Abril do ano passado.  
 
O ministro brasileiro admitiu, no entanto, que os esforços realizados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, em conjunto com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a União Africana e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não têm obtido resultados satisfatórios.  
 
"Temos de reconhecer que, até ao momento, a coordenação entre os actores internacionais não tem conseguido construir caminho satisfatório e consensual para o encaminhamento da questão, e que isso prejudica a própria Guiné-Bissau", reforçou.  
 
O ministro apelou para que todos os países envolvidos na questão "tomem por parâmetro" as decisões do Conselho de Segurança e defendeu a actuação dos membros da CPLP na busca de uma "convergência" para a normalização da situação e volta da estabilidade.  
 
"Espero que, num futuro não tão distante, a Guiné-Bissau possa somar-se aos trabalhos da nossa Zona de Paz e Cooperação", concluiu Patriota, que também citou como desafios o maior desenvolvimento económico e social da região.  
 
A Zona de Paz e Cooperação no Atlântico Sul (Zopacas) foi criada por iniciativa brasileira em 1986, e integra, ao todo, 24 países, incluindo a maior parte dos africanos lusófonos, entre eles Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.  
 
A reunião a nível ministerial, que decorre entre hoje e quarta-feira, pretende traçar um plano de acção conjunto visando o fortalecimento das relações e do intercâmbio comercial entre os membros, bem como acções voltadas para o desenvolvimento, segurança e manutenção da paz na área.  
 
O Atlântico Sul representa a principal rota marítima do comércio do Brasil, por onde passam 95 por cento das exportações e importações brasileiras.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Guiné-Bissau Capital sem luz e sem água por avarias e falta de gasóleo


Avarias sistemáticas nos grupos eletrogéneos, aliadas à falta de gasóleo, têm deixado a capital da Guiné-Bissau às escuras há cerca de uma semana, enquanto a direcção da empresa de electricidade diz não ter soluções imediatas.  
 
Em conferência de imprensa, Wasna Papai Danfá, director-geral da EAGB (Empresa de Electricidade e Águas da Guiné-Bissau) confirmou a rotura nas reservas de gasóleo no país, o que levou a empresa a parar o único gerador que ainda estava em funcionamento na central eléctrica de Bissau.  
 
"É verdade que estamos com problemas dos motores, dos dois em funcionamento, apenas um está operacional, mas sem gasóleo não podíamos pôr a máquina a funcionar", enfatizou Wasna Papai Danfá.  
 
A falta de combustível levou também ao encerramento das estações de serviço, que recomeçaram a abrir desde quarta-feira, com a chegada de gasóleo e gasolina. Sem gasóleo, também as bombas de água ficaram sem funcionar. 
 
O Governo de transição tem prometido em vários momentos que resolve o problema crónico da falta de energia na capital do país e na verdade nos últimos meses tem havido um fornecimento mais regular.  
 
No entanto, há mais de uma semana que Bissau está às escuras e as poucas luzes que se veem provêm de geradores particulares. A pouca iluminação pública da cidade, nomeadamente a da Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria, que liga o centro ao aeroporto, também acabou.  
 
Fonte da EAGB disse à agência Lusa que, além das avarias e da falta do gasóleo, a empresa não tem capacidade de resposta aos consumidores de Bissau, uma vez que apenas produz seis megawatts, quando necessita de 20 para cobrir as necessidades dos habitantes da capital guineense.  
 
A fonte diz que a central eléctrica de Bissau, construída ainda na época colonial, já não consegue responder às necessidades pelo que, notou, o melhor é construir uma nova central que poderia funcionar com outro combustível que não seja o gasóleo.  
 
Com a falta de electricidade da rede pública e da água canalizada muitas famílias e instituições sedeadas em Bissau têm recorrido aos serviços privados de fornecimento desses produtos.  
 
Na última noite, a EAGB já forneceu energia a alguns sectores da cidade mas parou o fornecimento de manhã.  
 
O Governo de transição disse em Outubro ter assinado um contrato para a construção de uma central de energia solar que será instalada por fases até chegar a 10 megawatts.  
 
Em Agosto, o Governo anunciou que a China iria disponibilizar 119,5 milhões de euros para instalar energia eólica em todas as ilhas da Guiné-Bissau e que só faltava a chegada de técnicos chineses para começar a instalação do equipamento. Seria também instalada energia fotovoltaica na zona sul da Guiné-Bissau.  
 
"Estamos a negociar com o BOAD - Banco Oeste Africano para o Desenvolvimento - para aquisição de novos grupos para Bissau para podermos elevar a capacidade instalada de produção de nove megawatts para pelo menos 20 megawatts", assinalou na altura o ministro dos Recursos Naturais, Daniel Gomes.  
 
Sobre todos estes projectos, nada mais foi divulgado até hoje.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Angola garante apoio a Ramos-Horta para ajudar Guiné-Bissau

Angola garante apoio a José Ramos-Horta, na qualidade de representante da ONU na Guiné-Bissau, a ajudar este país a «encontrar o caminho certo para a paz e a estabilidade».
A garantia foi expressa em Luanda pelo chefe da diplomacia angolana, Georges Chicoti, que falou à margem da II Reunião de Embaixadores de Angola, que ontem se iniciou na capital.
O antigo Presidente de Timor-Leste e Nobel da Paz, José Ramos-Horta, foi nomeado no início deste mês representante do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, onde deverá chegar em breve.

Guiné-Bissau Adiado congresso do PAIGC


O oitavo congresso ordinário do PAIGC, principal partido da Guiné-Bissau, que devia realizar-se de 16 a 20 de Janeiro de 2013, foi adiado para nova data, a ser marcada no próximo fim de semana, anunciou ontem (quarta-feira) o partido em comunicado, citado pela LUSA.  

O Comité Central do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) deve reunir-se entre quinta-feira e domingo para escolher uma nova data do Congresso, quando será eleita a nova liderança do partido. 

A reunião, em Bissau, deverá também analisar o relatório do conselho de jurisdição do partido sobre as sanções disciplinares de um conjunto de militantes e dirigentes em litígio com a atual direcção.  

Vários dirigentes do PAIGC estão suspensos do partido, entre os quais o actual Presidente da República de transição, Serifo Nhamadjo, acusados de terem desrespeitado as orientações do partido nas últimas eleições presidenciais antecipadas.  

Serifo Nhamadjo, que acabou por ser Presidente de transição na sequência do golpe de Estado de 12 de Abril de 2013, apresentou-se como candidato independente às eleições contra a vontade da direção do PAIGC, que apoiou Carlos Gomes Júnior, até aqui presidente do partido.  

Na altura do golpe de Estado, Carlos Gomes Júnior era primeiro-ministro. Desde 12 de Abril que está a viver em Portugal, desconhecendo-se se estará presente no congresso, embora tenha apresentado, por carta, a recandidatura à liderança do partido.  

Tanto Serifo Nhamadjo, como os que o apoiaram nas eleições presidenciais contra o candidato oficial do PAIGC, Carlos Gomes Júnior, estão sob a alçada disciplinar do partido.  

Fontes do PAIGC admitiram à agência Lusa que "há uma forte tendência" para a anulação de sanções a vários dirigentes, dada a necessidade de unir o partido, na perspetiva das eleições gerais previtas para Abril deste ano. 

O próprio comunicado do adiamento da data do congresso e da convocação da reunião do Comité Central salienta que o partido pretende a reconciliação de militantes e dirigentes.  

"A comissão permanente do 'bureau' político defende a necessidade do ressurgimento de um PAIGC unido, reconciliado e preparado para assumir os grandes desafios políticos que se avizinham", lê-se no comunicado.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Guiné-Bissau Maior partido da oposição procura consensos para tirar país da crise

A nova direcção do Partido da Renovação Social (PRS), principal partido da oposição na Guiné-Bissau, reuniu-se ontem (terça-feira) com dirigentes das quatro formações políticas com assento parlamentar em busca de consensos para o país.   
      
Segundo o novo secretário-geral do PRS, Florentino Pereira, a nova direcção do partido, eleita no último congresso realizado em Dezembro, pretende "construir pontes de entendimentos" no país, começando pela auscultação aos diferentes partidos.     
    
Em audiências separadas num hotel de Bissau, a nova direcção do PRS, encabeçada por Alberto Nambeia, reuniu-se com as delegações do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), do Partido Republicano da Independência e Desenvolvimento (PRID), da Aliança Democrática (AD) e do Partido da Nova Democracia (PND).  
         
"O PRS quer criar um espaço de diálogo. O país até aqui viveu momentos difíceis e estamos num momento especial em que é preciso encontrarmos uma solução para a crise que assola o país", defendeu o secretário-geral dos renovadores guineenses.  
      
Em nome do PAIGC, Augusto Olivais, secretário nacional do principal partido no parlamento da Guiné-Bissau, considerou o encontro de "frutífero", porque, notou, permitiu que dois partidos pensem o país.  
      
"Hoje o país está bloqueado. Sessenta por cento do Orçamento Geral do Estado do nosso país é financiado pelo exterior. O país está a afundar-se. 
Cabe-nos a nós, da classe politica, procurarmos as saídas para o bem do país", destacou Augusto Olivais, esperando "uma saída airosa" dos guineenses para os problemas do país.    
    
Vítor Mandinga, líder da Aliança Democrática sublinhou que o país "há muito que precisava de encontros do género", e Afonso Té, novo presidente do PRID, considerou de "salutar" a iniciativa da nova direção do PRS.  
      
A Guiné-Bissau vive um período de transição na sequência de um golpe de Estado em Abril de 2012, que depôs os dirigentes eleitos. A maior parte da comunidade internacional não reconhece os dirigentes de transição e cancelou todos os apoios.