quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Guiné-Bissau Militantes do PRS pedem "contas" aos últimos dirigentes do partido


Os militantes do Partido da Renovação Social (PRS), segunda maior força política da Guiné-Bissau, reunidos no 4.º congresso, passaram ontem grande parte dos trabalhos a pedir contas sobre o desempenho da direcção nos últimos anos. 
   
Quase todos os 240 delegados que usaram da palavra no dia quarta-feira pediram explicações à direcção cessante, encabeçada formalmente pelo ex - Presidente guineense e fundador do PRS, Kumba Ialá, sobre o património financeiro do partido e as estratégias seguidas para a conquista do eleitorado. 
    
O candidato à liderança do partido, Aladje Sonco, uma figura pouco conhecida nas hostes do PRS, acabou por entrar numa troca de palavras com Kumba Ialá, quando insinuou que o partido tem privilegiado pessoas pouco qualificadas para lugares de destaque, deixando para trás os quadros. 
  
"Quem quiser fazer um partido de cientistas que vá formar o seu próprio partido, que saia do PRS. Um partido não se faz apenas com quadros", observou Kumba Ialá, que pediu a palavra momentos depois de Aladje Sonco ter criticado a direcção. 
     
Ao contrário de outros congressos do PRS, Kumba Ialá tem assistido a todos os debates, posicionando-se mesmo em frente à mesa que preside a reunião. Observadores da vida interna do PRS dizem que a sua presença visa "acalmar os ânimos". 
    
"Como fundador e figura mítica do PRS, Kumba Ialá, é a reserva moral deste partido. A sua presença é para acalmar os ânimos que possam estar exaltados, afinal isto é um congresso", disse à agência Lusa um membro da comissão política, que pediu para não ser citado. 
 
Uma outra figura dos renovadores que marcou a sessão de quarta-feira foi Artur Sanhá, antigo Primeiro-ministro, ex-secretário-geral do PRS e actual presidente da Câmara Municipal de Bissau. 
  
Num discurso que suscitou muitas interrogações dos congressistas, Artur Sanhá disse esperar que o congresso decida sobre o seu pedido de desvinculação do partido, uma vez que em duas ocasiões já o tinha feito sem sucesso. 
   
"Quero que o congresso decida sobre o meu pedido de desvinculação do PRS, pois penso que não há mais espaço para continuar", defendeu Artur Sanhá, para logo de seguida pedir unidade e coesão entre os militantes para que o partido possa vencer os próximos embates eleitorais. 
     
O presidente da sessão, Certorio Biote respondeu a Artur Sanhá, para lhe dizer que à mesa do conclave não chegou nenhum pedido formal de desvinculação.
     
Militantes, conhecidos ou não, todos questionam a forma como o partido se está a preparar para as próximas eleições, todos perguntam pelo património e pela situação financeira do PRS. 

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